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Corrida maluca

Alguém aí se lembra daquele desenhinho da Hanna-Barbera, que tinha uma caçambada de pilotos trocando de posição o tempo todo, a liderança mudando toda a hora, mas o vencedor só era definido no finalzinho?

Tirando a história do ganhador aparcer no fim (e a ausência de Penélope Charmosa), o GP da Malásia pareceu, e muito, com a tal animação. Mas não, isso não é uma crítica. É apenas uma comparação para, se você acordou tarde e perdeu, ver que a prova foi movimentadíssima.

Muitas disputas, desde a largada e mesmo antes da chuva torrencial cair. Carros mais leves vindo do fundo, carros ruins que conseguiram uma boa largada. Os KERS, os não-KERS. A corrida vinha sendo sensacional. Até a água cair. Porque caiu feio.

No início até dava para controlar, Glock, inclusive, era o mais rápido na pista com pneus intermediários, quando todos estavam calçados para chuva plena. Só que pouco depois o mundo caiu, os carros começaram a deslizar na pista e resolveram colocar o Safety Car na pista. Que não conseguiu sequer alinhar o pessoal antes da bandeira vermelha.

Foram cerca de 40 minutos para tentar realinhar os carros no grid. Só parece que se esqueceram que Bernie Ecclestone teve a idéia idiota de marcar a prova para às 17h locais. Até haver tempo de a água baixar, o dia teria acabado.

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Esse risco já havia sido corrido nas últimas duas provas. O GP da Austrália deste ano e o GP do Brasil do ano passado. Por aqui a prova foi atrasada em uma hora, terminou às 17h. Só que com a chuva que caía, a visibilidade ficou extremamente prejudicada. Para quem não acredita, é só procurar qualquer foto do pódio, que teve que ser feito com luz artificial.

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Assim, a prova foi encerrada, depois de quase todos os pilotos se posicionarem contra sua continuidade. Kimi Räikkönen que o diga. Enquanto todos os pilotos aguardavam a decisão da FIA no carro, no pitwall ou em outro canto da pista, o ferrarista foi flagrado pela transmissão de bermuda, camiseta, tomando um sorvete e buscando um refrigerante (duro de acreditar, hein?) na geladeira. Sabe das coisas esse finlandês.

Péssimo para Rubens Barrichello que, na atualidade, é um dos melhores, senão o melhor piloto em condição de chuva. O brasileiro estava na quinta posição e, em caso de uma relargada, com todos os carros bem próximos, poderia lutar pela vitória.

De qualquer forma, Jenson Button ficou com a segunda vitória consecutiva – terceira na carreira – e teve a companhia dos alemães Nick Heidfeld e Timo Glock no pódio.

No entanto, como não foram completados 75% da prova, apenas metade dos pontos serão concedidos aos pilotos. Em tempo, Felipe Massa ficou na nona posição e Nelsinho Piquet, na 13ª.

A classificação do GP da Malásia ficou assim (os números mostram os pontos conquistados):

1º Jenson Button – Brawn GP – 5
2º Nick Heidfeld – BMW – 4
3º Timo Glock – Toyota – 3
4º Jarno Trulli – Toyota – 2,5
5º Rubens Barrichello – Brawn GP – 2
6º Mark Webber – Red Bull Racing – 1,5
7º Lewis Hamilton – McLaren – 1
8º Nico Rosberg – Williams – 0,5

Button lidera o campeonato com 15 pontos, seguido por Barrichello, com 10. Jarno Trulli é o terceiro, com 8,5, meio ponto à frente de seu companheiro Timo Glock.

E para terminar com a corrida maluca, como sempre, Dick Vigarista ficou em uma posição intermediária. Entendam como quiserem.

Trulli no pódio, de novo

Bom, parece que esse GP da Austrália não acaba nunca. A FIA anunciou, nesta semana, que Lewis Hamilton foi desclassificado da prova em função de ter mentido aos comissários, o que fere o regulamento esportivo.

O inglês teria sido perguntado pelos oficiais se ele teria deixado, deliberadamente, Trulli ultrapassá-lo. Hamilton teria afirmado categoricamente que não. Pois bem, os espertinhos da McLaren só se esqueceram que a entidade tem acesso às gravações de toda a conversa de rádio das equipes e viu que houve, sim, uma ordem.

Portanto, Hamilton sai, Trulli entra em seu lugar e o resto continua como antes.

Mas o buraco é mais embaixo. A relação FIA-McLaren está desgastada já faz um tempo. A não exclusão da equipe na temporada 2007 não foi lá muito bem aceita por todos na organização. E qualquer coisa que eles possam vir a cometer será olhada com muito “carinho” pelos conselheiros. E aí rola a história que Hamilton será levado à reunião do conselho no próximo dia 14 de abril.

Na prática, pelo que entendi, Hamilton e McLaren podem ser excluídos de todo o resto da temporada de 2009. Eles já estão meio que auto-excluídos mesmo, com o desempenho, então não mudaria muito.

Eu sou meio chato com essas coisas. Acho que a partir do momento que você assina um contrato, um regulamento, você tem que cumprí-lo. Se não o faz, tem que ser punido. Se a punição prevista no regulamento, para casos de anti-desportividade como estes, for realmente a exclusão, que se cumpra.

Neste caso em especial, não acredito que a exclusão da equipe seja benéfica para a F1, que lutou tanto para alinhar 20 carros no grid. Como também não seria justo excluir apenas o piloto, já que parece que quem ordenou a mentirinha foi o time. Enfim, o que acontecerá, de fato, só saberemos daqui a dez dias.

Um palpite? Não vai dar em nada, senão uma multa pesada ou suspensão de uma ou duas provas…

Hamilton no pódio

Após o término do GP da Austrália, Jarno Trulli foi punido por uma ultrapassagem irregular. Ainda não vi o incidente, acredito que tenha sido durante uma das entradas do Safety Car. Foram acrescidos 25 segundos ao seu resultado final, o jogando para 12º, já que estavam todos muito próximos em função do carro de segurança. Assim, Hamilton ficou oficialmente com a terceira posição. Baita notícia para uma McLaren sem muita esperança para este início de ano.

Bourdais também se deu bem e herdou uma vaga na zona de pontuação.

Pontos não vencem mais campeonato

A FIA anunciou hoje que a definição do título da Fórmula 1 será diferente a partir deste ano. Os pontos continuam sendo contados no mesmo sistema, 10 ao vencedor, 8 ao segundo, etc., etc.  No entanto, ao final da temporada, será contabilizado qual o piloto que conquistou mais vitórias e não o que tiver mais pontos. A pontuação serviria para critério de desempate e para definir do segundo colocado para trás.

A desculpa é que assim, os pilotos lutariam mais por vitórias, já que os 8 pontos do segundo colocado não serviriam para muita coisa na disputa pelo título.

Uma hipótese: Rubens Barrichello vence seis provas seguidas e marca 60 pontos. As outras 10 ele não disputa. Felipe Massa vence cinco das provas restantes e Lewis Hamilton as outras cinco. Ambos terminaram todas as provas na zona de pontuação. Teriam, em média, entre 70 e 90 pontos. O terceiro colocado na pontuação seria o campeão por ter uma vitória a mais, mesmo tendo abandonado o campeonato.

Enfim, li algumas opiniões a respeito, de colegas, alguns gostaram, outros não. Eu, definitivamente, não gostei. Mesmo que no fim o título fique com algum piloto pelo qual tenho simpatia, acho que essa nova regra é arriscada demais.

O campeonato de construtores, por sua vez, continuará inalterado, sendo decidido pelos pontos.

A FOTA (Associação das Equipes de Fórmula 1) divulgou um comunicado assinado pelo seu presidente, Luca di Montezemolo, expressando seu “desapontamento e preocupação pelo fato de [esta decisão] ter sido tomada de maneira unilateral”.

Se a FOTA já está criticando abertamente desta forma, mesmo sendo intransigentes, acho que os conselheiros da FIA podem acabar revendo esta posição até o início da temporada. É difícil, mas não é impossível, já que as montadoras dão a entender que pressionarão a entidade para que se volte atrás.

Felipe Massa: o melhor do mundo

No início do ano, foi lançada uma revista virtual sobre automobilismo, a GPWeek, iniciativa de uma equipe formada por ingleses e australianos. A princípio, a revista seria publicada apenas após fins de semana com GPs. Depois, provavelmente com um aumento de público, as edições virtuais começaram a aparecer mesmo sem provas de Fórmula 1.

A primeira capa, em março de 2008, estampava a frase “Pegue-me se puder” e as fotos de Casey Stoner e Kimi Räikkönen, seguidas da pergunta “Alguém pode bater Casey ou Kimi?”. Pois bem, na MotoGP Casey foi batido com facilidade por Valentino Rossi, enquanto o finlandês da Fórmula 1 foi superado por Lewis Hamilton, Felipe Massa e apenas empatou com Robert Kubica.

Em setembro, a polêmica foi ainda maior. Na capa figurava Lewis Hamilton no pódio do GP da Bélgica – corrida em que ele foi punido e a vitória acabou com Massa – e a palavra “Roubaram!” em letras garrafais. Por ser uma publicação inglesa, comecei a desconfiar do seu conteúdo e vê-la com outros olhos, afinal, para a imprensa do mundo todo, a punição foi justa. Mas esta desconfiança só durou até hoje.

Porque na edição final de 2008 a GPWeek colocou um ranking próprio dos cinco melhores pilotos do ano, por categoria, F1, MotoGP e Mundial de Rali. Mas, nesta manhã, foi enorme minha surpresa ao “abrir” a publicação e ver que Felipe Massa encabeça a lista da revista inglesa.

A matéria, inclusive, começa com uma pergunta, como se estivesse sendo feita pelos leitores: “O quê? Sem Lewis Hamilton na primeira posição?”. No texto, a revista explica que os dois pilotos estiveram iguais durante toda a temporada, e que acabaram separados por apenas um ponto em seu final. Diz ainda que o brasileiro teve um desenvolvimento “assombroso” durante o ano.

A publicação também credita o título de Hamilton aos reveses sofridos pelo brasileiro, como a quebra do motor na Hungria e o desastre no pit-stop de Cingapura. Diz ainda, que se não fossem os problemas, Felipe teria sido campeão antes mesmo de chegar ao Brasil e que, a má sorte o perseguiu até a última curva do campeonato.

Para ser sincero, pessoalmente não saberia apontar qual dos dois foi melhor durante o ano todo. Hamilton foi mais regular, cometendo erros do meio para o fim da temporada, enquanto Felipe errou bastante no início da temporada. A evolução do brasileiro realmente foi evidente, mas, eu daria empate técnico.

Para quem quiser conferir a matéria e o ranking, está em http://mag.gpweek.com, página 38.

Ah, sim, Lewis foi o segundo, seguido de Kubica (não concordo), Vettel e Alonso.

Ainda na lista da revista, Valentino Rossi foi o melhor na MotoGP e Sebastien Loeb no Mundial de Rali.

Essa doeu

Nunca vi uma vitória tão dolorida. É difícil falar alguma coisa. Porque, como antecipei, não assisti a corrida toda. Estava do lado de fora do autódromo, ouvindo os roncos dos motores, quando a largada foi dada, cumprindo obrigações profissionais do meu emprego 1. Porque quando cheguei em casa, faltavam 12 voltas para o final e o Vettel pressionava Hamilton, que era o quarto, não valia nada. Porque começou a chover e todo mundo parou, menos o Glock, que assumiu a quarta posição. Porque o Vettel passou o inglês e colocou nove dedos de Felipe no caneco. Porque na última curva, numa decisão digna de Indy, os pneus da Toyota não agüentaram. E principalmente porque, pela comemoração da Ferrari, eu apostaria alto que eles devem ter dito no rádio “congratulations, you are the champion”.

Se não tivesse chovido, se Hamilton tivesse terminado em quarto, não doía tanto.

E eu nunca tive tanta raiva de um piloto intermediário. E ok, os pneus pra seco de Glock realmente não agüentaram, ele não abriu deliberadamente para o inglês ser campeão. Mas vamos combinar que, pelo menos pela imagem da Globo, estranho o alemão ter sido o único piloto a ir lá cumprimentar o campeão, não?

Enfim, título merecido de Hamilton, piloto talentoso, mas tido como “sujo” por alguns colegas. Até aí, Schumacher venceu títulos de forma não muito esportiva. Uma conquista de talento, regularidade e muita, mas muita sorte na última curva do ano. Mas tudo bem, 2009 está aí.

P.S.: Vai aparecer gente dizendo nas conversas de botequim que o Glock é alemão, que a Mercedes é alemã, e por aí vai. Nada a ver. A Toyota tem sua base na Alemanha também e é concorrente direta de mercado com a fornecedora da McLaren, portanto, sem teorias da conspiração, não deu, é hora de levantar a cabeça e repensar todos os erros cometidos no ano.